terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sarau na Filantrópica, Os Poemas de Isabel Simoes



Boa noite!
Bom, eu fui indigitado, pelo grupo em que me incluo e que promove estas tertúlias, para fazer uma apreciação da poesia de Isabel Simões.
Ora, acontece que não sou nenhum crítico de arte. Quem sou eu, portanto, para emitir juízos de valor sobre trabalhos poéticos de outros?
Mas, como era necessário ser feito, aceitei.
Da apresentação da pessoa Isabel Simões, ficou incumbida a Anita. Pois muito bem!
O problema é que me pareceu muitíssimo difícil dizer alguma coisa sobre a obra dissociando-a radicalmente da pessoa. Logo, e a Anita que me perdoe, terei de me imiscuir um nadinha naquilo que era da sua área de competência.
Posto isto, e apelando à vossa compreensão e tolerância, ouçamos então o que me ocorreu dizer sobre a poesia de Isabel Simões.

“Poemas de amor e dor”!
Este será o título do livro que vai publicar. O seu primeiro.

Pois bem, amor e dor. Sentimentos que nem sempre são contraditórios, antes pelo contrário, muito afins, e que são expressos continuamente ao longo dos seus poemas.
Bons e sadios momentos vividos apaixonadamente com alguém que se encontra algures, mas que ela, a autora, aceita, crê, esteja bem, sem deixar de revelar, contudo, numa dose acentuada de mágoa, que desejaria ter esse alguém presente.
Um ente querido, fisicamente ausente como disse, a quem ela se refere no poema
Mistura tropical: … Estarás sempre comigo/És um ausente presente …
mas que, curiosamente, não a conduz ao desespero, antes à tristeza, à nostalgia.
Digamos até que, com tendência para uma relativa acomodação à situação que é de todo irremediável.
Diz no poema Entranhas: … No paraíso estás/Rodeado de estrelas/ … Só peço a Deus/ … Me leve lá p’ra bem longe/Para bem perto de ti/… Lado a lado ficar/… Muito queria/Continuar a te amar.
(É bom dizer que, nas citações, colhi os versos aleatoriamente e que estes estão, portanto, algo descontextualizados).
Mas adiante: A poesia da Isabel envolve vários elementos da natureza como formas metafóricas e decorativas das suas vivências e dos seus sentimentos, como o mar, firmamento, flores, frutos e outros, o que faz supor que seja uma romântica por excelência.
Canta, portanto, romanticamente, a sua infelicidade, latente na dor da ausência, que lamenta, mas com a qual (infelicidade), de algum modo, se sente conformada.
É revelador deste facto a grande serenidade que transparece na maioria dos seus poemas, como em Momentos breves: /… Eu serenamente/Vou amar-te/Calmamente/Docemente/Para todo o sempre.
Na sua poesia usa uma linguagem nada pretensiosa, nada abstracta, mas, pelo contrário, compreensiva, corrida e adequada ao brotar do seu sentir, numa simplicidade notável.
Ao leitor, transporta-o à recordação de vivências próprias – Quem não teve já um amor, agora ausente? – mas transmite, ou melhor, incute, a serenidade conveniente para aceitar do modo menos exasperante possível, aquilo que é efectivamente a triste e inevitável realidade. Como tal refere no poema Definição: … O amor que tenho por ti/É um tornado/ … O que parece tempestade/É felicidade/Tranquilidade/Serenidade.
Digamos que, em cada poema, deixa rolar lágrimas de desapontamento, mas também de resignação (… te continuarei a amar …) frase que se repete de idêntico modo em vários poemas.
Paixão platónica, virtual, portanto, mas que parece impedi-la de ter uma porta aberta para o presente ou para outro futuro, que não seja o fim do fim. Fim, este, que se lhe afigura como a esperança do recomeço de uma nova felicidade.
Como afirma em Momentos breves: … Neste meu resto de vida/Que terá tempo escassos/… O fim de todos os fins/… Nesse lá longe/distante/… Juntos para sempre.
O sonho de uma feliz reunificação dos ente-queridos num paraíso metafísico!
A sua poesia eleva o amor e os sentimentos adjacentes a um nível cósmico, logo, algo afastado do alcance directo da influência terrena, e assim, considerando-a solução única, usa-a, a poesia, como meio de comunicação para o além, para além do cosmos, onde sonha acreditar encontrar-se o receptor das suas palavras, o entendedor das suas mágoas. Como é evidente no poema Céu: Para o céu/Contigo quero ir/E talvez lá/Quem sabe?/Se ainda mais/ … Nos poderemos amar.
E tudo se condensa aí, na infinitude do horizonte do mar, na perenidade das estrelas do firmamento. A poesia está para a Isabel como que, um modo de se redimir da “culpa” de ainda viver.
Assim, exclui qualquer hipótese de conciliação afectiva com o mundo dos vivos, com excepção dos descendentes, claro. E, mesmo estes, figuras presentes no mesmo quadro de vivências afectivas do passado, aparecem nos seus poemas apenas, diria, como pretexto, numa aprazível utilização para recordar o tal ser ausente.
Revê-se num auto-saciar-se nas recordações do passado e nos fugazes e virtuais encontros, num delírio forte e inabalável à força do enorme querer, delírio esse que lhe serve o sonho em bandeja rendilhada de desejo e ornamentada de flores.
Um quase masoquismo, não fora a ternura que tudo envolve e romantiza.
Como poderia um ser romântico e dotado de tão elevada sensibilidade resistir sem este tubo de transmissão que lhe oferece a poesia?
Poder-se-ia dizer que está condenada, sim, condenada! a ser poeta, para, assim, evitar implodir de desencanto da vida.
A poesia é a sua válvula de escape, o seu modo de encontrar o necessário equilíbrio.
Ao lê-la conhecemo-la, e reconhecemo-nos na sua dor, pelos inevitáveis desaires que todos nós temos na vida, e, para ela, para a Isabel, é, psicologicamente, um bálsamo, saber-se e sentir-se neste fenómeno desopressor, suavizante, que é a partilha.

Filantrópica - Póvoa de Varzim, 23 de Julho de 2011

3 comentários:

POETAROMASI disse...

Boa tarde,
estranho conseguir publicar como POEMAS DE AMOR E DOR, na verdade tenho o registo dos meus poemas como POEMAS DE AMOR E DOR no IGAC.

Também o meu blog existe desde 2004 e designa-se pOEMAS DE AMOR E DOR.

Basta ver o blog http://poemasdeamoredor.blogs.sapo.pt para constatar que o título está registado. (Registado no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)

irei contactar o IGAc para esclarecer este assunto

Jose Sepulveda disse...

Na verdade, não há nada publicado com esse nome. Com certeza que se viesse a ser editado com esse título, o nome teria que ser acautelado previamente. Não penso que venha a acontecer, sabendo-se agora existir um registo já efectuado com esse nome. Tratou-se de pura coincidencia, a autora ter utilizado esse título, não publicado. Certamente que este apontamento será levado em consideração numa eventual edição, já que iremos alertar a autora do facto.

POETAROMASI disse...

Boa tarde,
Quero agradecer a resposta que recebi relativamente aos Poemas de amor e dor. Dada a vossa amabilidade devo uma explicação. Meu nome é Rogério Martins Simões e utilizo o pseudónimo de ROMASI.
Em Março do ano de dois mil e quatro, embarquei numa aventura, sem porto seguro, quando decidi dar a conhecer a minha poesia tendo criado para o efeito o blog http://poemasdeamoredor.blogs.sapo.pt
Juntamente com a poesia, colocava fotos tiradas por mim da Pampilhosa da Serra e, posteriormente, as fotos da autoria do Sr. Padre Pedro. O título do blog foi por mim escolhido face à doença de Parkinson que me persegue…
Entretanto o meu blog “Poemas de amor e dor o blog” atingiu uma audiência extraordinária nada habitual para um blog de poesia – a minha.
Enquanto isso, no Brasil, a poetisa brasileira EFIGÉNIA COUTINHO e o poeta português DANIEL CRISTAL (ARMANDO FIGUEIREDO) aceitaram e divulgaram a minha poesia na sua página “SALA DOS POETAS” desde 2004.
A Efigénia é uma rainha, reconhecida por todos os poetas brasileiros e o Daniel Cristal é um talento comparável aos melhores poetas portugueses. Como humilde poeta que sou, porque gosto muito da boa poesia, considero “Daniel Cristal” um dos maiores sonetistas vivos que conheço. O nosso Portugal precisa de conhecer a sua poesia, a do grande português Armando Figueiredo.
Desde então sou membro efetivo e residente da “Academia Virtual Sala dos Poetas e dos Escritores”.
Também em 2004 o poeta “Ferol”, Fernando de Oliveira, editou a minha poesia no seu site “o Dono da Loja - Editor de Poesia”
Este poeta português tinha um sonho: que cada poeta escrevesse um poema para que todos os poetas, de todas as nações, dessem as mãos e unidos pela palavra construíssem um mundo melhor.
O sonho do site “Dono da loja” está vivo e a sua obra continua com Roberto Oliveira, brasileiro a quem volto a agradecer, por lhe ter dado corpo e construído outro, o “MUNDO POETA” onde também publicou poemas meus.
Com as portas abertas no Brasil passei a ser lido em toda a América Latina tendo “Poemas de Amor e Dor” atingido mais de 3000 acessos diários.
Em finais de 2005 senti-me obrigado a abandonar o meu blog de poesia, POEMAS DE AMOR E DOR, que entre Março de 2004 e Novembro de 2005 teve mais de um milhão de visitas, com cerca de 2000 diárias.
Como andava nos tops nacionais e aí permaneci durante 18 meses, não fui capaz de suplantar as ofensas pessoais com que os autores de blogs de mau gosto me distinguiam. Até parecia que estava em competição para ganhar qualquer coisa. Ganhei, de facto, um agravamento do meu estado de saúde e durante mais de 6 meses deixei de ligar ao blog, descurei os meus amigos ou tão só aqueles que gostavam da minha poesia.
Em Abril deste ano de 2006, apesar da minha companheira Parkinson continuar a progredir no seu temeroso caminho e depois de ter escrito vários poemas que mostravam o meu estado de alma, retomei lentamente .
Presentemente já ultrapassei os 3 milhões de visitas desde Março de 2004 apesar de ter parado durante mais de 6 meses.

O plágio dos Poemas de amor e dor
Durante estes mais de 7 anos dei conta de sucessivos plágios à minha poesia. Daí ter registado toda a poesia no Ministério da Cultura com a designação POEMAS DE AMOR E DOR.
Finalmente e por que a poesia é universal terei muito gosto que incluam poemas meus no vosso site. Os poemas, mais de 400, estão no meu blog e mais de 200 já se encontram no FACEBOOK - em meu nome.
Apresento os respetivos cumprimentos,
Rogério Martins Simões